Texto para discussão 19/2007
Uma revisão dos argumentos keynesianos sobre os
determinantes do equilíbrio de longo prazo com
desemprego involuntário
Fabrício J. Missio*, José Luís Oreiro**
Resumo
Após a publicação da Teoria Geral, do Emprego do Juro e da Moeda (TG), estabeleceu-se um
intenso debate na literatura econômica sobre a principal proposição de que o equilíbrio de longo-prazo das
economias capitalistas se caracteriza pela existência de desemprego involuntário da força de trabalho. A visão
consensual que emergiu desse debate - conhecida como síntese neoclássica - acabou por determinar o triunfo
da teoria clássica, ou seja, a visão segundo a qual o equilíbrio de longo-prazo das economias capitalistas se
carateriza pelo pleno-emprego da força de trabalho. A TG foi vista como um caso particular da teoria
classica, um caso no qual o desemprego involuntário emerge como resultado da rigidez de preços e salários
nominais. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é retomar os argumentos da TG buscando mostrar
que a interpretação convencional da TG, ao fazer uma interpretação equivocada da referida obra, obscurece
as contribuições e interpretações inovadoras contidas nela e que, do ponto de vista desta, o equilíbrio com
sub-utilização da capacidade não depende da existência de qualquer tipo de rigidez.
Palavras-chave: convergência; flexibilidade; desemprego involuntário.
Abstract
After the publication of The General Theory of Employment, Interest and Money (hereafter, GT),
an intense debate about its main preposition – that the long-run equilibrium of the economy is a position of
involuntary unemployment – was established. The consensus view that emerged from it, known as
neoclassical synthesis, established the triumph of the classical theory, according to which the long-run
equilibrium of the economic system is characterized by full-employment of the labor force. According to the
neoclassical synthesis, GT was a special case of the classical theory, the one where nominal wages and/or
nominal prices are rigid. The objective of the present paper is to restate the original arguments of the GT in
order to show that the conventional interpretation went wrong and that there is enough elements if GT to
show that a long-run equilibrium with involuntary unemployment may exist even if nominal wages and prices
are flexible.
Keywords: convergence; flexibility; involuntary employment.
JEL: B13, B30, C61, C63
* Mestre em economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor e coordenador do curso de economia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
** Doutor pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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